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Entrevista I

"O autor de livros infantis mais vendido de todos os tempos, R.L. Stine, é mais famoso pela série de terror Goosebumps, e agora também pela série A Hora do Arrepio. Nascido em Ohio, o Sr. Stine mora em Nova York."


Escutamos que você ganha centenas de cartas de fãs por semana. Qual foi a mais estranha, ou a mais engraçada que você já recebeu?

Bem, algumas são hilárias, mas também recebo cartas horríveis e tristes.

Minha favorita é uma estranha, de uma menina no começo de minha carreira. Ela disse, 'Caro R.L. Stine, adorei The Babysitter. A mesma coisa aconteceu comigo, só que foi meu tio que tentou me matar. Continue com o bom trabalho.'

Foi bem assustador. Na verdade eu notifiquei à professora e disse, 'Você deveria dar uma olhada nisto'. Nunca mais ouvi falar.

Mas minha preferida mesmo é de um menino que escreveu, 'Caro R.L. Stine, li 40 de seus livros e achei eles muito chatos.' Não é perfeito?

Num certo ponto, estava recebendo 2.000 cartas por semana. Meu carteiro me odeia. Uma vez ele pegou a bolsa de cartas e jogou dentro do apartamento.


Você responde toda a sua correspondência?
Nos primeiros dias, eu conseguia; Acho que cada criança merece uma resposta, porque é difícil pra crianças escrever cartas.

Me asseguro de que todo mundo ganhe uma resposta; num certo ponto tinha uma equipe de cinco pessoas pra responder a correspondência. Tento ler o máximo que posso.


Seus livros requerem muita imaginação. Você acha que as pessoas nascem com imaginação, ou desenvolvem através da leitura?
Acho que todo mundo tem imaginação, mas ao mesmo tempo, é um processo muito misterioso. Quando eu tinha 9 anos, assistia programas de horror e escutava programas de ficção científica no rádio. Realmente não consigo explicar por que achava essas coisas tão interessantes. Acho que absorvi tudo isso e as várias histórias de Ray Bradbury que cresci lendo.


As pessoas acham que perdem a imaginação com a idade (obviamente você é uma exceção). Por que as pessoas acreditam nisso?
Acho que a maioria das pessoas não tem o luxo de sentar-se em casa e escrever histórias. Elas precisam encontram outros jeitos de ganhar uma vida que pode não requerer muita imaginação.


Há várias maneiras de expressar sua imaginação através da escrita. Uma delas é a poesia, quase todos os adolescentes adoram fazer. Você já escreveu alguma poesia que gostaria de compartilhar ou publicar?

Não, sou horrível nisso.

Em minha cidade natal eu tenho a R. L. Stine Writing Workshops em escolas públicas. Nós temos escritores profissionais que ficam duas semanas todos os anos e trabalham com as crianças que estão interessadas em serem escritoras, mas não poetas. O mundo tem maus poetas suficientes. Tento desencorajar todo mundo a escrever poesia.

Mas ainda assim, às vezes uma criança escreve um poema que é muito bom, e você senta ali e pensa, Oh, uau, esse garoto sabe escrever.


Como você é um autor de romances de horror, você provavelmente esperava esta pergunta: qual a foi a experiência pessoal mais aterradora?
Não gosto dessa pergunta; não há como alguma coisa assustadora possa acontecer comigo quando estou em casa o tempo todo. Eles não me deixam sair.

Eu não tive uma vida assustadora, a não ser por coisas pessoais.

Eu tenho uma fobia que meus sobrinhos acham maluca: não consigo pular na água. Tenho que pisar nas piscinas. É uma fobia de verdade, mas meus sobrinhos acham hilário que este sujeito assustador tenha tando medo de pular na água.


Porque você acha que as pessoas gostam de se assustar?

Acho que todo mundo gosta de um bom susto, e acho que todo mundo gosta de ser capaz de ter aventuras aterradoras e encarar monstros quando sabem que estão à salvo ao mesmo tempo.

Quando crianças lêem meus livros, estão encarando seus medos reais nos livros mas sabem que não estão em nenhum perigo real.


O que você responde quando uma criança pequena escreve dizendo que um de seus livros lhe deu pesadelos?
Eu odeio, odeio mesmo. Você não quer dar à crianças pesadelos; felizmente, não acontece frequentemente.

Uma mulher me escreveu uma vez, 'Gosto dos seus livro porque dão arrepios nos meus filhos e não pesadelos.'

Foi perfeito porque é isso que eu tento fazer; não quero aterrorizar crianças.


Você alguma vez já escreveu algo que fosse realmente assustador e depois teve que fazer menos aterrador?
O que acontece geralmente é o contrário; meus editores me dizem pra fazer mais assustador. Tento fazer de novo e eles sempre dizem, 'Você tem que fazer mais assustador.'

Exceto uma vez. Terror na Biblioteca é sobre uma menina que descobre que o bibliotecário é um monstro quando ela o vê comendo um garoto. Os editores acharam que estava um pouco fora do limite.


Você tem um monte de ideias na cabeça, ou quando você começa a escrever elas simplesmente vem?
Geralmente é uma de cada vez; está ficando mais difícil porque estou escrevendo muitos livros.

Preciso de uma idéia cada mês já que faço um livro por mês. Elas geralmente vêm de um título; realmente não tenho idéias em avanço, mas quase todas as minhas ideias vêm pensando em um bom título e vendo onde vai dar.

Eu faço o contrário dos outros autores; a maioria têm uma idéia para uma história e pensam no título depois.


Há alguma razão para que você pense num título primeiro?
Funciona comigo. Um dia estava caminhando pela rua e o título Brain Juice (Suco de Cérebro) surgiu na minha cabeça. Então eu comecei a pensar, o que aconteceria se crianças pudessem tomar suco de cérebro? Talvez ficariam muito mais espertas. Talvez ficassem tão espertas, que ninguém podia aguentá-los. Poderia arruinar suas vidas. E aí tornou-se um dos meus livros favoritos dos Goosebumps.


Você já teve idéias de leitores?
Isso nunca funciona; é uma pena.

E eu nunca tive nenhuma idéia dos meus sonhos. Eu tenho os sonhos mais chatos.


A maioria de seus livros são de ficção. Você já pôs algum evento pessoal neles?
Eu era uma criança muito medrosa, e eu me lembro desse sentimento de pânico. Uso esse sentimento muito - isto vem da vida real.

A única outra coisa que uso é - que eu cresci num pequeno subúrbio de Columbus, Ohio, EUA e uso muito este ambiente.

Nunca escrevi um livro sobre Nova York, onde vivi durante anos. É um tipo de superstição que eu tenho. Os cenários são todos em subúrbios, da minha infância.

De vez em quando acontece um incidente que me dá uma idéia. Eu estava num aeroporto olhando uma família dizer adeus a seu garotinho - ele iria viajar sozinho, e eles estavam o abraçando - e os pais estavam completamente nervosos.

E vi a mãe dar um bilhete ao menino enquanto ele entravam no avião. Eu vi e pensei, E se quando ele entrasse no avião e abrisse o bilhete que dizia, 'Não somos seus pais?'


Qual é o elemento que você acredita diferenciar você dos outros escritores?
Eu gosto muito de crianças. Acho que me dou muito bem conversando e escrevendo pra elas, porque estão no meu nível, basicamente.

Outra coisa que faço que outros escritores não dão muito valor, é que eu quero muitas surpresas nos meus trabalhos. Não quero que o leitor preveja o que irá acontecer. Trabalho muito duro em colocar surpresa após surpresa em cada livro.

Eu tento chocar os leitores e provocá-los e fazê-los pensar na direção errada.


Nós lemos que seu filho não leu nenhum dos seus livros.
É uma pena. E ele está em um dos livros, também.


Você acredita em fantasmas?
Não, não acredito em nada do que escrevo.


O que você acha ser o maior problema de encarar um adolescente hoje?
Eu odeio perguntas assim.


As pessoas vão querer saber...
Bem, quando eu era criança nós tínhamos infâncias; nós não tínhamos que ser sofisticadas e legais. Nós podíamos ser só crianças. Não estávamos expostos à tanta coisa, e toda comédia na TV não era somente sobre sexo.

Acho que o maior problema é que as crianças estão crescendo rápido demais e não estão se divertindo sendo só uma criança. É um trabalho muito duro ser criança.


É difícil ser um escritor?
Nunca foi difícil pra mim; é a única coisa que sei fazer direito. Pergunte pra minha mulher; é a única coisa que sou competente.

Eu vim de Ohio e me mudei pra Nova York pra ser um escritor. Trabalhei em revistas. Depois trabalhei na Scholastic por muitos anos fazendo revistas educacionais.

Minha meta na vida era ter minha própria revista de humor, tudo o que eu queria era ter minha própria Revista Maluca. Quando eu tinha 28 anos eu consegui. Eu fiz uma revista engraçada por dez anos chamada Bananas. Era a ambição da minha vida e eu consegui. E então Bananas faliu; não era mais popular.

Não tinha nem idéia do que estava por vir, está sendo muito emocionante e eu me sinto muito sortudo.


Foi uma grande surpresa o sucesso dos seus livros?
O sucesso dos Goosebumps foi uma surpresa total pra todo mundo. Você não consegue planejar ter esse tipo de sucesso; eu estou no Guinness Book of World Records como autor infantil mais vendido da história.

Pra mim é fantástico, porque eu escrevi durante 20 anos e ninguém sabia.


Quantos livros você já vendeu?
Bem, Goosebumps vendeu 220 milhões nos Estados Unidos. Está em toda parte do mundo, é incrível. No total já vendi cerca de 300 milhões de livros.


Os livros de Harry Potter venderam tanto assim?
Não, venderam 35-40 milhões. E eles têm muito mais a atenção da mídia.

Num certo ponto eu estava fazendo um Rua do Medo e um Goosebumps cada mês, então eu fiz 24 livros cada ano; J. K. Rowling faz um por ano. Ela é esperta, tem a vida ganha.


Você já teve desapontamentos significativos?
Sim, eu fiz uma série de livros antes dos Goosebumps que eu adorava. Sempre quis escrever coisas engraçadas, e eu fiz uma série chamada Space Cadet sobre os cinco cadetes mais burros da Academia do Espaço. Eu adorava estes livros; eram meus favoritos. Achava eles muito engraçados. Ninguém os comprou, foi um tremendo fiasco.


Muita gente diz que livros, filmes e programas de TV de terror são uma grande razão para violência juvenil. O que você acha?
Bem, eu acho que eles estão totalmente errados. Acho que meus livros são bem saudáveis, e acho que eles ajudam as crianças a lidar com a raiva.

Não acho que assassinos em massa leiam esse livros, também; nunca ouvi falar de alguém que leu um e depois saiu fazendo coisas horríveis.

E acho que violência em filmes e na televisão é bem saudável. Todo mundo tem essas sensações, e acho que é um bom alívio poder sentar e assistir.

Pessoas que dizem que crianças serão influenciadas não percebem que crianças são muito espertas; isso é um insulto a elas. Onde quer que haja uma grande tragédia eles começam a dizer, 'Bem, vamos nos certificar que crianças não irão assistir esses filmes,' ou 'Vamos censurar a letras dessa música.' Toda solução é um punimento, não uma solução.

Há muita gente que não gosta de jovens e ofendem-se com eles. São eles que tentam resolver sérios problemas punindo crianças.


O que você acha que está comandando a violência?
Não vou me arriscar a pensar; há muitos problemas sociais. As pessoas tem essas tendências naturais e não deveriam ser reprimidas.

Meu irmão tem um filho e eles não querem nenhum tipo de violência na casa; meu sobrinho não era permitido nem de assistir os Muppets. Eles nunca deixaram ele ter armas de brinquedo. Um dia ele foi nos visitar, e eu dei a ele uma faria de queijo americano e ele mordeu o queijo na forma de uma arma. Ele era obcecado.


Voltando aos livros, como você começou a conseguir emprego em editoras?
Eu vim pra Nova York - não conhecia ninguém - e comecei respondendo anúncios nos jornais.

Meu primeiro emprego foi numa revista, inventando histórias, entrevistas com as estrelas. Aprendi a escrever muito rápido, você aprende a escrever rápido e fazer as coisas. Era um trieno muito bom; você acha que é horrível na hora, mas é um ótimo treino.

Então em respondi um anúncio e consegui um emprego na Junior Scholastic Maga-zine; acabei ficando lá por 16 anos.


E a faculdade, você era o principal na escrita?
Eu era um dos principais na Ohio State. Toda faculdade tem uma revista humorística, e era tudo o que eu estava interessado. Três dos meus quatro anos na faculdade eu era editor da revista humorística.
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